Desde que voltei do EIVI tenho pensado muito na psicologia, especialmente porque senti muita falta dela no estágio. Os contextos e situações como um todo são muito diferenciadas das comumente vistas por profissionais que trabalham com a classe média ou dentro de instituições assistidas pelo Estado numa sociedade capitalista.
O que mais tem me intrigado é que se percebe que a psicologia poderia estar atuando nos mais diversificados contextos que, de alguma maneira, poderiam usufruir do apoio psicológico, mas o que acontece, ou melhor, o que eu vejo acontecer é que a psicologia como está hoje, mesmo tendo mudado, se transformado, se refeito nesses poucos mais de cem anos de existência ainda é muito elitista. E como se apresenta e vem sendo construída dentro das universidades ainda não é capaz de abarcar como público alvo as pessoas pobres, desassistidas pelo próprio Estado, por suas instituições, seus profissionais, suas políticas assistencialistas.
O que se apresenta claro pra mim é que é urgente a necessidade de transformação, porque não se deve negar assistência psicológica a nenhum ser humano por falta de interesse do profissional e/ou da profissão, que devem se moldar diante das dificuldades e novidades que se apresentam, a fim de tornarem-se aptos a desenvolver uma psicologia para todos, sem distinção de classe e poder econômico, principalmente.
Como eu já devo ter exposto, o que eu acho é que se precisa construir novas formas de se fazer psicologia e novas teorias que possam auxiliar essa prática, mas de nenhuma maneira isso deve ser construído por profissionais que não tenham contato com as pessoas para quem essa psicologia vai servir, senão será uma construção equivocada da realidade. Mais que isso, acredito que não são os profissionais que construirão essa nova psicologia, mas que ela será construída juntamente com o povo que se utilizará das novas construções.
E como fazer isso longe do povo? Como fazer isso longe dos contextos mais necessitados? Como fazer isso dentro da Universidade com os professores e coleguinhas? Como fazer isso sem vivenciar o dia a dia do povo? Como fazer isso sem se sentir parte desse povo?
Não vejo alternativa que não seja mergulhar nesses contextos, viver e fazer deles sua rotina. Vivências que construirão a psicologia popular, criada com o povo, a fim de servir a esse mesmo povo que a construiu.
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